sábado, 25 de julho de 2009

SAI O CIRQUE DU SOLEIL E ENTRA O CIRQUE DU SEU ZÉ

SAI A TRUPE CANADENSE, ENTRA A TROPA MORATENSE

Mais um mês de julho chega e o que nós, moratenses, vemos é mais um punhado de show de horrores promovido pela prefeitura e sua cultura.

Em situação oposta à trupe canadense do Cirque du Soleil, que tem expressões culturais e artísticas de muita qualidade, a tropa moratense do Cirque du Seu Zé (o Bressane) continua a sua sina de incompetência e mau gosto. Vejamos os eventos deste mês: forte do forró e feirão de carros do itaú na pracinha. Isso sem falar do rodeio show, em agosto, que é particular/público. Se todos olharem com atenção, qual a diferença entre este governo e o anterior? Resposta: nenhuma, pois quem “inventou/começou” o forte do forró e os tais feirões de carro do itaú foi o governo passado, da Andréa, e este governo, du Seu Zé, incompetentemente, rendeu-se e continua com as mesmas práticas, ou seja, é um governo de continuísmos deprimentes com suas velhas práticas conhecidas.

Com mais essa “edição de sucesso” do forte do forró, permanecemos com a prática dos showsismos, e detalhe: as atrações de fora e seus busões recebem e as “caseiras”, moratenses, não. Já o feirão de carros do banco é uma atração apenas de interesses econômicos e que começou a sua série, coincidentemente, quando o pagamento dos funcionários da prefeitura começou a ser depositado naquele banco. No ano passado, vi na câmara municipal, numa sessão, um desses vereadores que permaneceram, bradando contra o feirão e questionando sobre os benefícios do mesmo à cidade e à população moratense. Já neste mandato, o vereador está quieto. Com relação ao rodeio show, vejo-o como uma Caixa de Pandora de onde saem muitos males aos moratenses, pois o seu legado é questionável: são melhorias num terreno particular promovidas pela estrutura da prefeitura (pública), além do apoio desta ao evento, não há um caráter social por visionar apenas lucros e justificaria se fosse levar alguma benfeitoria ao bairro onde será realizado, mas não vai. É a velha fórmula pão e circo que sempre deu certo e que continua sendo aplicada em nossa cidade.

Por isso é triste ver o tipo de cultura que continua sendo apregoada em Francisco Morato, não há planejamento e não é fazendo eventos desconexos e esporádicos que vão acontecer avanços em relação à melhoria, variedade e desenvolvimento cultural no município. É preciso ter uma gestão competente, na prefeitura e no departamento de cultura, para elaborar, trabalhar e comunicar as diretrizes e ações definidas para a gestão inteira, os quatro anos, dar a condição ideal para o conselho de cultura atuar e dialogar com os atores sociais interessados no desenvolvimento cultural do município. Seria importante apresentar um calendário de encontros públicos nos quais os munícipes sejam convidados a debater o futuro da cultura que desejam, apresentar propostas e construir um Sistema Municipal de Cultura, em que este definiria uma nova relação entre a gestão pública de cultura e a sociedade, criando instâncias de participação e de deliberações sociais.

Portanto, não se pode restringir a cultura num município numa mera política de eventos culturais, que, por melhores que sejam (o que não é caso dos que vivenciamos em Francisco Morato), não são capazes, de modo isolado e desconexo, de contribuir para o desenvolvimento cultural e para a democratização do acesso aos meios de formação, produção, difusão e participação.

É preciso ver a cultura, não no sentido comumente usado, mas além da definição de uma atividade restrita à fruição das artes e aproximá-la intimamente à vida e à educação. É preciso elevá-la à condição de experiências coletivas que podem e devem ter uma ação transformadora no espaço, que tensione os limites que a sociedade se impõe e que não são suficientes à alma e imaginação humanas. É preciso planejar ações conjuntas entre a produção artística, intelectual, popular e o ensino formal para o fortalecimento da cidadania e para a renovação do vigor criativo. Além de estratégias para a inclusão e verdadeira democratização no acesso à cultura. Pra isso, forte do forró, feirão de carros do banco e rodeio show são inoperantes e fúteis para o desenvolvimento cultural que queremos para Francisco Morato. Eles atendem apenas outros interesses, escusos e obscuros, ou denunciam a falta de competência no trato às questões públicas dos nossos governantes.

Diante disso, é extremamente necessário pensar num Sistema Municipal de Cultura para debater e formular propostas para um Plano Municipal de Cultura, norteador das políticas públicas na área para os próximos 10 anos. Sem isso continuaremos como estamos, na estaca zero, sem planejamento e desordenadamente aculturados. Excetuando as raras exceções das manifestações combativas, que temos, dos grupos e companhias independentes que militam na área para que haja manifestações e ações verdadeiramente culturais.
Professor Daniel Perez

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